terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Anybody seen my babe?

É foda... férias, nada pra fazer, vem a puta da mariposa preta do pôr-do-sol e pousa na ponta do meu nariz nuncamais nuncamais nuncamais SPLAFT.
Quando eu era criança criança, diziam que o pó das asas do bicho deixava cego. Deixa não, mas pode fazer chorar. Pós, em geral, constipam, corizam etc...
E agora, com a filha da puta da bruxa estapeada e espatifada na minha cara, o esôfago dá três shoryukens e o olho heroicamente segura a porrada. A carúncula só peida.
Muitos meses atrás, eu me apaixonei por uma aluna do curso em que ainda dou aulas. A moça correspondeu e foi um deusnosesqueça, o Homem-Ahoy com Sabbracadabbra nas veias, tocada ao vivo. Enorme a alegria da mosca. Beira de rio, abismos profundos, capivaras pastando, muitas risadas e um cio de engravidar pedra. Depois, namoro a farol alto, sofá de casa, cigarro com o pai, catapora tardia e Woody Allen preto-e-branco. Haveria de vingar a coisa, haveria de ser do caralho, haveria de se repetir a noite única e ininterrupta em que a cama navegou furiosamente pelo quarto.
Mas não nos esqueçamos dos sábios húngaros... a mosca entra, a mosca não sai mais.
A mocinha da história passou brilhantemente no vestibular, como eu já esperava, e sumiu na turba carioca, como eu não esperava, serelepe entre as orlas dos clubes de fragatas. Eu fiquei.
A partir disso, bússola derretida no galho de uma árvore, formigas nas mãos e cães uivando numa andaluzia cada vez mais obscura. Blues for a living, whiskey, drugs and rock and stay.
Aos poucos, fui me tornando, eu mesmo, um personagem de Bukowski, foscamente interpretado por Woody Allen. Brochei na zona, por causa do pó, por pena das moças, até que, lá mesmo, fui curado da serial disease, porque trepar é preciso. Sai Woody Allen, entra, novamente, Mickey Rourke. Hora dessa, conto aqui as crônicas da casa de burlesco. A jukebox de lá tem até Urge Overkill.
Agora há pouco, veio a piranha da mariposa, com suas asas cheias de poeira do passado. Que será feito daqueles dedinhos finos e gelados? Que será feito daquela gargalhada tão rival da minha? Eu mandei uma SMS de Ano Novo, que voltou. Eu recebi apenas duas, falando nisso. Duas moças da casa, me desejando sucesso neste ano.

Registrei liricamente, a lembrança, daquele meu jeito antigo e empoeirado:

Saudade

Um homem com uma dor
é muito mais elegante...


(Leminski)



Gravata
amarrada
no pescoço.

Pérola
derramada
do olho.
_________________________

Voltemos aos comerciais.
Uma vez alguém disse a Fernanda que quanto mais se vive, menos se escreve. Bom, é isso, adeus.