sábado, 3 de outubro de 2009

Rupestre

Porque tem uma hora que o mundo cinza parece começar também a se esmaecer. Lindas são as coisas que se destacam, lindas e cruéis e não cruéis por serem lindas. A criança que destrói os brinquedos e doma no aniquilamento o império da imaginação, a criança que manda em tudo e é Deus.

Desde muito cedo, desenvolvi o hábito de colorir paredes e saber o nome de tudo. A primeira coisa ilícita que fiz foi beber o curacao blue do bar de casa. Era bonito, quando o sol atravessava a garrafa e azulava a parede, com brilho e magia. Muito mais tarde, Pink Floyd e hoje em dia, eu no lado escuro da lua, apatriando os passos pequenos demais pra humanidade.


Semana que vem vou a uma festa a fantasia. Ainda não decidi se vou de piloto kamikaze ou Travis Bickle. Talvez vá de Rorschach. Talvez nem vá a essa merda.
Nós somos mesmo um povo muito engraçado,

Se o país não conquista nada, somos um povo de merda, que nunca chega a lugar algum porque todos os políticos são ladrões, há muita violência, ninguém respeita ninguém e não merecemos mesmo ter direito a nada.

Se o país conquista o direito de sediar o maior evento esportivo do mundo, somos um povo de merda, que nunca chega a lugar algum porque todos os políticos são ladrões, há muita violência, ninguém respeita ninguém e ganhamos essa disputa sem merecer.

Ê meu país.


P.S: Não ouçam a Paty, ela está aqui com o único intuito de me contrariar.
O Rio de Janeiro ganhou a disputa com Tóquio, Chicago e Madri, e vai sedear as olímpiadas de 2016.

Não, eu não acredito que isso vai ser bom para o país, pelo contrário, somos nós, povo brasileiro sofrido e trabalhador, que pagaremos a conta dessa festa.

Mas sem pensar muito no amanhã e focando na cerimônia, eu confesso que o discurso do Lula foi de emocionar até o homem das neves. E quando veio o anúncio final e as gentes importantes do Brasil começaram a pular-chorar-se abraçar-e-se comportar feito criança que ganha pirulito, eu fiquei bem contente. Não por termos derrotado as maiores economias do mundo ( e passado a perna na argentina, embora isso me deixe mega contente também), mas por sermos, talvez o único, país do mundo a não sentir vergonha de transformar uma cerimônia sisuda e convencional em um ensaio de escola de samba. Como disseram os maiores jornais do mundo, sem o Brasil, as disputas internacionais não tem a mesma graça.

O coração do Brasil é nossa carta de alforria. Fato.


P.S: Só senti falta do Galvão Bueno, pulando e gritando junto com Pelé: É Tetra! É Tetra! É Tetra!
Alguém sabe me dizer porque não levaram ele pra Dinamarca?

Grata.
É agora, nesta contramão!

( Ana C.)