domingo, 24 de janeiro de 2010




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Depois de uma década carregando o fardo de sacana, coração gelado, pornográfica, libertina (Oi, Paulo?), cá estou eu, fazendo planos pra minha "união estável e definitiva (espero)". Pensando em orçamentos, economias, móveis, economias, cores de paredes, economias, festa de casamento, economias, bichinho de estimação, economias, documentos, economias e todas essas coisas que só pessoas direitas-clássicas-e-tradicionais pensam. Tá, são apenas planos, eu sei. Mas dá um quentinho na alma ter tantos motivos pra sonhá-los, principalmente quando se passa tanto tempo fugindo deles.

E o mais engraçado é que as coisas com a gente foram acontecendo de uma forma tão leve e natural, que eu nem sei ao certo em qual momento a vilã virou mocinha.

Só consigo me lembrar do último truque. Do instante exato em que eu tive que escolher entre virar o ângulo e manter os olhos fixos ou desviar o olhar. Coincidentemente, naquele instante, a testa dele franziu, e eu soube, detalhadamente, que os meus truques não funcionariam naquela tarde e que a história seria mesmo baseada em grandes transformações.

E foi ali, naquele dia, que eu, sempre acostumada a me desenhar a lápis e borracha comecei a me escrever em tintas-vermelhas-fortes-e-"inapagáveis".

Uma vida nova por um movimento de pescoço.
É, acho que vale a pena.