quinta-feira, 3 de junho de 2010

A idéia do blog parecia tão boa no começo. Com o tempo foi perdendo a cor, o gosto, o tom... Sei lá, nada muito diferente das coisas que acontecem no "mundo dançado".

Patrícia tá quase casada, Rodrigo trabalhando igual puta no carnaval, Airton gastando todo o tempo dele pra cuidar de mim, eu sem ânimo nenhum, Renato tocando gaita nos bares pra pegar as menininhas. As pessoas vivendo mais. Suas vidinhas sacanas, no bom e no mau sentido. Se fodendo, fodendo e se fodendo, como num círculo vicioso. Mais cedo ou mais tarde, elas acabam voltando pra cá. É mais seguro, dizem.

E por falar em dizem, cada vez faz mais sentido o que o Sr. Schwartz me escreveu uma vez, no século passado:

"Quanto mais a gente escreve, menos a gente vive."


E o inverso também é verdadeiro.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Cio repentino de outono



Se me queres feliz,
realmente feliz,
traz-me figos
em calda, secos
ou na carne da fruta.

Traz
a minha boca
a polpa macia e melada,
aos dentes, o gostoso estalido
das sementes.

Traz-me figos,
se me queres feliz.
Se me queres contente,
ensopa meus lábios
de figos.

Traz-me figos no corpo-
joga-os ao chão e deita sobre eles,
convulsa, réptil, sibila,
esmaga-os entre os dedos,
aperta-os contra os peitos, entre as coxas,
enfia-te dos figos, enfia-os também na boca...
e traz-me-os.

Se me queres feliz,
impregna deles o sol. Traz
a manhã perfumada
da cica dos figos.

Se me queres,
feliz,
traz-me figos.

sábado, 17 de abril de 2010

Perdoamos as falhas de caráter, não a sua ausência.

Também do Douglas kim, mas penso seriamente em roubá-la.
Achei de foder. Então,


Durante as madrugadas insones, vez ou outra, me vejo às voltas com o seguinte devaneio: escrever algo que seja como uma obra musical, uma obra musical que alguém queira ouvir repetidamente. Apenas alguns compassos. Por sorte, esse devaneio logo se desfaz, enterrando qualquer pretensão, dando lugar a uma recorrente constatação, disfarçada de memória. Tempos atrás, conheci um homem que tinha facilidade para ler as emoções dos outros, o que lhe causava extrema amargura. Em meados de um outono qualquer, misteriosamente, essa capacidade desapareceu durante um dia inteiro. “Soube então o que era ser feliz, mas também foi o momento em que mais me senti vulnerável”, ele me disse.

Douglas Kim

Sobre São Paulo,




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"... voltei para Sampa muito alegrinho, muito na-boa, muito tudo vai rolar. A memória da gente é safada: elimina o amargo, a peneira só deixa passar o doce. Então eu tinha esquecido que esta cidade te cobra preços altos. Ela é uma mulher (ou um homem) belíssima (o) que se oferece, tentadora (o), como se amasse, te envolve, te seduz - e na hora em que você não suporta mais de tesão e faria qualquer negócio, ela (o) te diz o preço. Que é muito alto"


Caio Fernando Abreu
Deveriam guardar os velhinhos numa casa, onde iríamos sempre que nos sentíssemos clichês e sem verdade. Seríamos recepcionados pelo Saramago que nos encaminharia para o velhinho sábio que fosse especialista na nossa dor. E tomaríamos café com bolachinhas e bolinho de chuva na varanda cheia de "cachorrinhos", lendo poemas, e ouvindo as histórias deles. Sem nada de chatices pseudointelectuais.

Da Fernanda, a Mandagará. Mas bem que poderia ser meu também.

Dia de Fernandas, acho.
Espera aê, devagar: eu pratico esportes coletivos (teatro, banda, dança), não é bem assim.
É preciso negociar erros, perdoar erros, lidar com os tais e até tirar algum proveito disso.

Entende?

Escrever e errar diante do computador (máquina de escrever, bic, etc.) faz produzir, criar, sei lá, não sou escritora, não estou julgando ou analisando, nem mesmo fazendo cena.
É que é foda, velho. Às vezes é foda.

A gente erra na frente dos caras, ali, valendo.E fica bom/fica ruim (hoje, ficou bom, admito). Mas não é "sussa" (como dizem os playba da Vila Madalena).

Às vezes é preciso uma cancha, uma ginga, um "sabe Deus", que pode te levar a alma por horas.

E a minha alma, às vezes, é a última folha do talão de cheques
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Da Fernanda, a D'Umbra. Mas bem que poderia ser meu.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Silenciar

Para quem adora falar e backing vocar, a pior dor do mundo é se calar quando se deseja muito dizer. Há momentos onde uma letra mal colocada pode ferir, e nestes momentos eu me torno um criado mudo. Imóvel, duro e receptor de pesos que se transmutariam em lágrimas de alívio se o imóvel se movesse e falasse.
Tempo fechado aqui. Ruim, bem ruim mesmo. As coisas acontecendo como se uma bola de neve assassina me atropelasse me deixando sem movimento, sem reação e sem ar. Foda. Apesar de todo o carinho e preocupação de tanta gente que me ama e se preocupa comigo, ninguém tá na minha pele. Os amigos mais próximos dizem que é bom desabafar os problemas deles comigo. Não porque eu os entendo e estou numa fase boa pra dar conselhos. Pelo contrário. Quando eles começam a contar os problemas deles pra mim, automaticamente eles lembram do que eu tô passando, e aí eles percebem que não tem porra de problema nenhum. Problemas mesmo são os meus. Pois é, eu virei parâmetro de desgraça. E nem vou escrever o que mais me aconteceu depois que a bola de neve começou a descer pra não fazer chorar aqueles que passam por esse blog. Eu tô num arregaço físico-mental e emocional que nem eu consigo entender como ainda levanto da cama todas as manhãs. E nem é drama dessa vez. Tá bem foda. Dizem que o tempo resolve essas coisas, sei lá, até lá procurem não reclamar do inferno astral de vocês perto de mim. Eu nunca disse que eu não era grossa. Legal. Agora eu virei uma grossa sem compaixão pelos problemas alheios.

E pensar que até o mês passado eu reclamava da vida por puro charme... Vidinha filha da puta essa que a gente leva...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Barcarola náufraga


Lua
descendo
reflete

Miroir na praia.


Pedra
onde ondas
defletem

Meu roer, na praia.


Foz:
um rio
me repete:

Vou morrer na praia.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Era uma vez, no século passado, eu lendo um trecho da Fernanda D'Umbra, esse aí de baixo mesmo. E aí, eu me apaixonei por ela nesse instante. Aí, muita coisa aconteceu, li muitas outras coisa bacanas, marquei um milhão de textos no meu diarinho-secreto-público, me encantei com muitos escritores novos, decorei trechinhos fodidos, e os usei me salvando de mim mesmo, amém. Quase uma vida literária depois de ler o lance dos guarda-chuvas. E, contrariando as probabilidades, ainda continuo considerando esse trecho o meu preferido quando eu tenho que declarar um sentimento maior que romances da estação.

Eu tenho uma coleção de guarda-chuvas coloridos. Eles ficam em um porta guarda-chuvas na minha casa. Tem roxo, laranja, vermelho, branco, tem um transparente que fica lindo molhado e tem um preto também. Se um dia a gente tiver que andar pela Rua Augusta, ou mesmo aqui no centro, se um dia isso acontecer e a gente tiver que dividir o guarda-chuva novamente, eu juro que deixo você escolher a cor. Mas se isso não voltar a acontecer eles ficarão aqui, secando a chuvinha que cai dos meus olhos verdes trovões de saudade.


Só faria uma pequenina licença poética,

Pra algumas pessoas, eu não daria apenas o privilégio de escolher a cor. Nem ao menos dividiria um guarda-chuva. Doaria inteiro o escolhido e me molharia toda, sem o menor pudor e com um sorriso no rosto.

É meio infantil pensar assim, eu sei. Tem todo o lance de compartilhar momentos, dividir caminhos e bla bla bla. Mas por algumas poucas pessoas, eu abro mão do "meu cancer" pra me preocupar com a gripe alheia.

Isso deve ser aquilo que chamam de amor incondicional, E mesmo sem ser mãe, estranhamente, algumas vezes eu consigo sentir assim.
Todo mundo tem defeito, óbvio. Um milhão deles pra cada um. Perfeição é utopia e bla bla bla.

Essas afirmações são clássicas, e nem era sobre isso que eu queria falar.

Conversando com a Paty ontem, cheguei a conclusão que são eles, os defeitos, que solidificam os verdadeiros relacionamentos. Eu não gosto de fulano porque ele é bonito, inteligente, educado, divertido e derivados. Eu gosto de fulano porque eu aceito que ele seja brega, grosso, individualista, desastrado e derivados e ainda assim, me faz sentir ternura em tê-lo por perto.

Talvez seja algo inexplicável, mas bem lá no fundo, não é assim que se descobre os grandes amores?

Que Airton, Paty, Rodrigo, Paulo e Talita não me leiam, mas os nossos defeitos é que nos fazem tão fortes juntos.

domingo, 24 de janeiro de 2010




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Depois de uma década carregando o fardo de sacana, coração gelado, pornográfica, libertina (Oi, Paulo?), cá estou eu, fazendo planos pra minha "união estável e definitiva (espero)". Pensando em orçamentos, economias, móveis, economias, cores de paredes, economias, festa de casamento, economias, bichinho de estimação, economias, documentos, economias e todas essas coisas que só pessoas direitas-clássicas-e-tradicionais pensam. Tá, são apenas planos, eu sei. Mas dá um quentinho na alma ter tantos motivos pra sonhá-los, principalmente quando se passa tanto tempo fugindo deles.

E o mais engraçado é que as coisas com a gente foram acontecendo de uma forma tão leve e natural, que eu nem sei ao certo em qual momento a vilã virou mocinha.

Só consigo me lembrar do último truque. Do instante exato em que eu tive que escolher entre virar o ângulo e manter os olhos fixos ou desviar o olhar. Coincidentemente, naquele instante, a testa dele franziu, e eu soube, detalhadamente, que os meus truques não funcionariam naquela tarde e que a história seria mesmo baseada em grandes transformações.

E foi ali, naquele dia, que eu, sempre acostumada a me desenhar a lápis e borracha comecei a me escrever em tintas-vermelhas-fortes-e-"inapagáveis".

Uma vida nova por um movimento de pescoço.
É, acho que vale a pena.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Já li esse texto milhares de vezes, mas nunca com tanta atenção e carinho quanto hoje. Sempre pensei que talvez fosse esse, o meu preferido do Caio Fernando. Talvez, depois de hoje,uma certeza a mais na vida.


Pálpebras de Neblina



Fim de tarde. Dia banal, terça, quarta-feira. Eu estava me sentindo muito triste. Você pode dizer que isso tem sido freqüente demais, ou até um pouco (ou muito) chato. Mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo muito triste? Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura. Projeções: e amanhã, e depois? e trabalho, amor, moradia? o que vai acontecer? Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará. Essas coisas meio piegas, meio burras, eu vinha pensando naquele dia.

Resolvi andar. Andar e olhar. Sem pensar, só olhar: caras, fachadas, vitrinas, automóveis, nuvens, anjos bandidos, fadas piradas, descargas de monóxido de carbono. Da praça Roosevelt, fui subindo pela Augusta, enquanto lembrava uns versos de Cecília Meireles, dos Cânticos: "Não digas 'Eu sofro'. Que é que dentro de ti és tu? / Que foi que te ensinaram/que era sofrer?" Mas não conseguia parar. Surdo a qualquer zen-budismo, o coração doía sintonizado com o espinho. Melodrama: nem amor, nem trabalho, nem família, quem sabe nem moradia - coração achando feio o não-ter. Abandono de fera ferida, bolero radical. Última das criaturas, surto de lucidez impiedosa da Big Loira de Dorothy Parker. Disfarçado, comecei a chorar. Troquei os óculos de lentes claras pelos negros ray-ban - filme. Resplandecente de infelicidade, eu subia a Rua Augusta no fim de tarde do dia tão idiota que parecia não acabar nunca. Ah! como eu precisava tanto de alguém que me salvasse do pecado de querer abrir o gás. Foi então que a vi.

Estava encostada na porta de um bar. Um bar brega - aqueles da Augusta-cidade, não Augusta-jardins. Uma prostituta, isso era o mais visível nela. Cabelo malpintado, cara muito maquiada, minissaia, decote fundo. Explícita, nada sutil, puro lugar comum patético. Em pé, de costas para o bar, encostada na porta, ela olhava a rua. Na mão direita tinha um cigarro, na esquerda um copo de cerveja. E chorava, ela chorava. Sem escândalo, sem gemidos nem soluços, a prostituta na frente do bar chorava devagar, de verdade. A tinta da cara escorria com as lágrimas. Meio palhaça, chorava olhando a rua. Vez em quando, dava uma tragada no cigarro, um gole na cerveja. E continuava a chorar - exposta, imoral, escandalosa - sem se importar que a vissem sofrendo. Eu vi. Ela não me viu. Não via ninguém, acho. Tão voltada para a própria dor que estava, também, meio cega. Via pra dentro: charco, arame farpado, grades. Ninguém parou. Eu, também, não. Não era um espetáculo imperdível, não era uma dor reluzente de néon, não estava enquadrada ou decupada. Era uma dor sujinha como lençol usado por um mês, sem lavar, pobrinha como buraco na sola do sapato. Furo na meia, dente cariado. Dor sem glamour, de gente habitando aquela camada casca grossa da vida. Sem o recurso dessas benditas levezas de cada dia - uma dúzia de rosas, uma música de Caetano, uma caixa de figos. Comecei a emergir. Comparada à dor dela, que ridícula a minha, dor de brasileiro-médio-privilegiado. Fui caminhando mais leve. Mas só quando cheguei à Paulista compreendi um pouco mais.

Aquela prostituta chorando, além de eu mesmo, era também o Brasil. Brasil 87: explorado, humilhado, pobre, escroto, vulgar, maltratado, abandonado, sem um tostão, cheio de dívidas, solidão, doença e medo. Cerveja e cigarro na porta do boteco vagabundo: carnaval, futebol. E lágrimas.

Quem consola aquela prostituta? Quem me consola? Quem consola você, que me lê agora e talvez sinta coisas semelhantes? Quem consola este país tristíssimo? Vim pra casa humilde. Depois, um amigo me chamou para ajudá-lo a cuidar da dor dele. Guardei a minha no bolso. E fui. Não por nobreza: cuidar dele faria com que eu me esquecesse de mim. E fez. Quando gemeu "dói tanto", contei da moça vadia chorando, bebendo e fumando (como num bolero). E quando ele perguntou "porquê?", compreendi ainda mais. Falei: "Porque é daí que nascem as canções".

E senti um amor imenso. Por tudo, sem pedir nada de volta. Não-ter pode ser bonito, descobri.

Mas pergunto inseguro, assustado: a que será que se destina?


Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Então,

Eu tava lendo agorinha o blog do Mário Bortolotto. Sim, aquele mesmo dramaturgo-escritor-ator-autor-cantor-boêmio, que levou três tiros depois de reagir a um assalto no fim do ano passado. E porra, me deu uma vontade absurda de escrever sobre gente. Não qualquer gente, gente como ele. Gente livre de rótulos, que sente prazer no que faz, que não se vende, que mantém os princípios, que abraça as suas verdades, que fala palavrão e mostra a cara sem medo das represálias. E porra, gente que não é covarde. Que tem peito pra enfrentar um trinta e oito com a mesma coragem que tem pra lutar contra um coma numa cama de uti.

O cara faz um trabalho do caralho, é Bom, Bom mesmo com B maiúsculo. Bota alma, vísceras, sangue em tudo o que produz, não precisa ser conhecido como o dramaturgo que levou três tiros e quase morreu. E esse é o ponto. Ele não quer ser conhecido por isso. Perdeu sangue, perdeu movimentos, perdeu ossos, mas não perdeu a dignidade. E ele não é o único. Tem uma porrada de gente assim solta pelo mundo. Gente de todas as classes sociais, de todos os credos, de todas as profissões, de todos os lugares do mundo. Gente que inspira outras "gentes" e ninguém fica sabendo. Gente que todo dia faz alguém ter um puta orgulho de trilhar o caminho que escolheu.

É claro que tem o outro lado, o lado de gente que ambiciona riquezas, poderes, status, o lado que prefere julgar pela aparência, que prefere o jogo sujo e bla bla bla.

E eu acho do caralho estar do outro lado dessa roda viva que é o nosso mundo, sem a menor possibilidade de virar a cabeça pra baixo.

E por fim, li um email que um "fã" mandou pro Bortolotto. O cara escreve amadoramente, como eu, e como milhares que eu conheço. E ele diz alguma coisa sobre escrever com a sensação de que o Bortolotto tá sempre colado no ombro dele metendo o bedelho, com toda a delicadeza que lhe é peculiar, nos textos que ele escreve. E isso o faz escrever com mais vontade e com mais víscera também.

É isso, paixões literárias a parte, Clarices, Caios, Guimarães, Adélias que me perdoem, mas é o Bortolotto que provoca sangue nos meus dedos.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Hoje, minhas amigas e eu, estávamos conversando sobre Malhação.

Sim, caros amigos telespectadores, malhação, a série que começou como academia, virou clube, depois escola e bla bla bla.

Falávamos sobre o tanto de tempo que já se passou desde o primeiro epsódio. Inacreditáveis 16 anos, senhores telespctadores. E de uma conversa sobre um tema tão fútil e superficial, pulamos pra parte existencialista desse mundinho sacana.

Há 16 anos, eu brincava de boneca. E corria pra frente da TV pra ver o Dado, Éricles e companhia, e ficava lá, sonhando em crescer logo, entrar numa academia e conhecer uma porrada de gente bacana, bonita e interessante. E eu lembro, que nessa época, o máximo que eu alcançava da maturidade, era passar o recreio inteiro vendo a turma da 8° série da escola se divertindo. Eu queria por que queria fazer logo a porra dos 14 anos pra poder frequentas as matinês, ir ao shopping com os amigos, paquerar os menininhos das outras salas, e contar vantagens sobre uma vida sexual inexistente.

O tempo passou voando, aproveitei pra cacete a minha adolescência, não nego, mas eu não imaginaria que as maquetes de isopor seriam tão chatas e ocupariam tanto o meu tempo. É, caros leitores, quando se tem 14 anos, trabalhos de escola e isopores são praticamente sinônimos.

Tanta maquete me fez querer que os 18 anos chegasse logo. No fundo, acho que toda menina sonha com isso. Não ter hora pra chegar em casa, arranjar um trampo bacana, fazer as prórpias escolhas, tomar porres com os amigos, beijar até cansar, e essas coisas "super maduras" que crianças não podem fazer.

Pois bem, pisquei os olhos e lá estava eu, com meus 18 anos de vida nas costas. Foi a fase em que eu mais fiz merda na minha vida, e merda fedida mesmo, de ninguém botar fé que eu chegaria aos 21. E eu cheguei. Não tenho muitas coisas bacanas pra contar dessa fase, as que me pareciam bacanas na época, com o tempo eu fui fazendo questão de esquecer. O lance é que quando se chega nos 21, a ficha começa a cair.

Você já tem idade pra chegar em casa só no dia seguinte, mas precisa acordar cedo pra trabalhar. Tem grana pra comprar "as suas coisinhas", mas não tem tempo porque tem que trabalhar. Não precisa acordar cedo porque não trabalha, mas também não tem grana pra fazer porra nenhuma. Pode beijar quem quiser, mas quem você quer, quase sempre não quer te beijar ( a famosa lei de murphy e tal). Enfim, é aí que eu quero chegar.

O tempo passa rápido pra caralho.

Há 16 anos, quando começou Malhação, eu era uma pirralhinha que sonhava em virar gente grande, mas nem passava pela minha cabeça as consequências que o tempo joga na nossa cara. E ele joga mesmo, e quase sempre joga pesado.


E eu era uma "pré adolescentizinha" que achava Malhação o máximo. Que via corpos perfeitos como a qualidade mais importante em um ser humano. Que achava tomar porre, a coisa mais "sacadinha" do universo. Que beijar cinco bocas num mesmo dia, era o maior feito da humanidade.

Em 16 anos eu mudei pra caralho. E eu tenho um puta orgulho, por mais contraditório que isso possa parecer, de ter sido uma criança apaixonada pela primeira fase de malhação. Eu sonhei. Eu fui uma criança com sonhos de criança. Não queimei etapas, não tive traumas. Olhando essa época, eu consigo enxergar, claramente, as minhas mudanças. Eu quase consigo tocar cada transformação que aconteceu no meu jeito de perceber o mundo fora das quatro paredes da minha sala. Meus gostos, minhas idéias, minhas opiniões, minhas verdades, minhas causas, minhas lutas e tudo que foi amadurecendo enquanto malhação continua reinando absoluta nas tardes da globo pra um monte de gente pequena que ainda vai se descobrir.


Sei lá, acho isso de pegar um parâmetro de tempo tão do caralho, que lendo agora tudo o que eu escrevi, acabo de chegar a conclusão de que o ser humano é absurdamente mutável. Estamos, ao longo dos anos, em constante mudança. E esse constante moinho vai perdurar até o dia em que entendermos que o tempo passa voando entre nossos dedos, e o que vai nos dar sempre a noção exata do que somos sem nos perdermos diante de tantas trasnformações, são os nossos princípios. Aqueles mesmos, que aprendemos, pasmem, antes mesmo de aprender que existem calendários

Brindemos enquanto podemos...

domingo, 17 de janeiro de 2010




Pra mulher que sempre me bota torta pra um lado, meu maior carinho e toda a minha força nesse momento da tua vida.

Que as coisas saiam como nos nossos milhares de planos, mesmo quando não funcionam perfeitamente, dão certo.

Tem muita gente torcendo por você aqui em São Paulo. Torcida e amor. O meu amor.

Nos vemos lindas, gostosas e absolutas no carnaval?

Eu te amo, gata.
Boa noite, senhores telespectadores.

Meu primeiro fim de semana "útil" do ano foi pura doçura. Sei lá, achei que esse termo cairia bem como definição desses dois dias.

Sábado foi dia de botar os planos em prática. Futuro e tal que até o ano retrasado eu tinha certeza que nunca viria, pelo menos não assim, tão "amorzinho".

Noite de cerveja e mpb com os amigos, dormir no carro na volta pra casa, acordar depois do meio dia no domingo, ganhar "beijinhos e abracinhos sem ter fim" de manhã. Comer feijoada no almoço de família e assistir filme de cachorrinhos. Ver o corinthians jogar no fim da tarde e se despedir com a vontade de que seja assim pra sempre.

Sem super agitos, fortes discussões, grandes aventuras, surpreendentes acontecimentos e com beijinho na testa legendado de "vai ficar sempre tudo bem".

Eu nunca pensei que um dia eu diria isso, mas a vida tem bem mais graça com certezas.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Oi, quanto tempo! É, pois é, e lá se foi mais de 5 anos da última vez que nos vimos. Como você tá? Ah, eu tô bem, talvez eu esteja passando pela melhor fase da minha vida. Ah, você sabe, eu não sei dividir as áreas. Ou eu estou bem em todos os campos da minha vida, ou eu estou mais ou menos em todo lugar. É bacana ver que você finalmente aprendeu a escutar os outros. Vou aproveitar e falar bastante das coisas que você não teve tempo de saber antes que tudo volte ao normal. Escuta aí,

Eu tô namorando, sabe? O Airton. Um cara bem bacana, o cara mais bacana que eu já conheci, e estranhamente, as vezes eu tenho a impressão que os meus amigos e familiares gostam mais dele do que de mim. Já tem mais de um ano, e as pessoas até hoje não acreditam que ele está me suportando por tanto tempo. Temos planos. Acredita nisso? Eu, agora faço planos. Quer dizer, eu e uma garota lá de BH que eu conheci na internet e que se tornou a minha melhor amiga. Fazemos planos juntos pra metade do mundo, não é inacreditável? Patrícia é o nome dela. Dizem por aí que eu virei mulherzinha, deve ser influência dela, que parece uma boneca. É, eu sei, não tem nada a ver comigo, mas é que sabe, eu cansei um pouco dessa vida de submundo, de luzes neon e jukebox o tempo todo. Sou do dia agora. Quem diria...

Continuo trabalhando com o que eu não gosto, mas ganho um pouco melhor agora, e fiz amigos de verdade no meu trabalho, o que me faz esquecer um pouco a merda de não ter saco pros pepinos alheios que eu tenho que descascar. Não acredito mais em deus, mas morro de medo dos espíritos. Vou começar a frequentar umbanda mês que vem, acho que me familiarizei com os colares.
Nessa você não vai acreditar, não pareço mais uma drag queen. Não uso mais maquiagem, não saio mais de casa parecendo uma árvore de natal e não uso mais salto. Pasme! Nem cabelo loiro, comprido e chapado eu tenho mais.

Lembra que eu sempre tive o dom pra escrever mas nunca o levei a diante? Pois é, agora eu boto no papel todas as minhas "inspirações mirabolantes", e olha, tem até gente que lê e gosta. Viciei no Caio Fernando, um escritor gaúcho que morreu de aids. Você conhece? Hum, acho que não, nem Clarice Lispector você conhece. Não, não tô te "tirando" de burro não. Eu sei que seu negócio sempre foi música. Aliás, tenho que te agradecer, suas influências musicais me acompanham até hoje, só filtrei e aprimorei um pouco mais de tudo o que você me ensinou.

Continuo branquinha, você sabe, vou morrer sem me tornar amiga das marquinhas de biquini. Tirei o piercing. Emagreci uns quilinhos aí, as pessoas dizem que é porque eu estou sendo bem amada, e amor emagrece. Pode ser, não lembro de ter sido tão bem amada assim, em toda a vida.

Desculpa, vamos mudar de assunto.

Meus pais estão bem, velhinhos com doenças de velhinhos, mas estamos juntos, o que é o mais importante. A Suzy morreu, tenho outro cachorro agora, o nome dele é Hugo. Coisa mais manhosa do mundo, embora digam que ele é apenas gay.

Continuo odiando gatos. E peixes. E caju.

Durante esses anos, fiz amigos por toda a parte do Brasil, até um amigo maranhense eu tenho, acredita? Ihhh, tantos amigos que você não teve tempo de conhecer. Rodrigo, certamente, iria te odiar. Você acharia a Talita uma mulher interessante, um mulherão, pra ser bem sincera. Mas eu também tenho as minhas dúvidas se ela gostaria de você. Aliás, pouca gente gostava de você, né? E muito menos gostavam da gente junto.

Michele continua namorando o Ronaldo. Vanessa teve uma filha e eu viciei mesmo nessa porra de cigarro, como você disse que aconteceria quando me viu fumando pela primeira vez.
Acho que só voltei ao Baratotal três vezes nesse tempo. É estranho, as pessoas me cumprimentam como se lembrassem da época em que eu era a "rainha da cocada preta" por lá. Mesmo que eu já não seja mais loira, nem mais tão perua, nem mais tão oferecida. Sei lá, acho que eu virei mulher. E isso deve chamar mais a atenção do que qualquer tipo de "putinha". Eles me paqueram mais agora, sabia? Mas eu não dou bola, já achei o peito certo pra dormir.

Faz tempo que eu não vejo o "pessoal daquele tempo", mas sempre que eu os via, eles me perguntavam de você. Eles sempre esquecem que o tempo passou. E pra dizer a real, eu tenho medo que você tenha esquecido também. Tenho medo que você continue com aquelas idéias erradas de que um dia a gente vai acabar junto e estrague a vida bacana que eu construí sem você.

Sabe, eu sofri muito no começo, mas hoje eu quase não lembro de como era a gente junto. As vezes bate uma nostalgia de quando éramos o casal da noite, e você encrencava com todos os caras que olhavam um pouco mais insinuante pra mim. Mas é como uma espécie de saudosismo da época em que eu era uma adolescentezinha fútil e achava que o mundo se resumia as minhas pernas grossas e minha barriga chapada. Não que eu tenha saudade, eu apenas acho graça lembrar do quanto eu mudei longe de você. Do quanto eu cresci sem você pra me achatar. Do quanto eu amadureci sem você pra me podar. Não, não estou te criticando. É o teu jeito de tratar as mulheres por quem você se apaixona. Essa coisa meio James Dean, que atrai pra logo em seguida afastar. Tem lá seu charme, gato. Deve ter um monte de garota morrendo por você nesse exato momento. Eu mesmo já achei o máximo, mas como eu disse em outros lugares, aprendi que bad boys só são bacanas em filmes, ao menos pra mim.
Tomei gosto pelos mocinhos. Finalmente descobri que eu mereço ser bem tratada. Pra ser mais clara, tomei gosto pela leveza que só a segurança proporciona. Cansei de andar na corda bamba. Aboli o salto pra andar com os dois pés no chão e olha, pela primeira vez, eu vejo flores no caminho.

E pra terminar, talvez doa um pouquinho em você, esse lance de mexer com os brios e tal, mas eu preciso dizer antes que a gente não se veja nunca mais,

Eu não lembro de ter sido tão feliz em toda a minha vida.



Ah, eu continuo morando na mesma casa. E continuo mal humorada, grossa e anti social. Portanto, eu espero, de verdade, que você nunca me visite.

É isso.

Hoje faz 10 anos que a gente se conheceu, e eu precisava agradecer por tudo o que você me ensinou, e principalmente, por tudo o que eu aprendi sem você. Definitivamente, essa foi a melhor parte da nossa história.

Com carinho,

Fernanda.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010









SOLIDARIEDADE EM PRETO E BRANCO
SAÍDA DO ONIBUS 17 JANEIRO 7 HORAS DA MANHÃ.



A Diretoria do Grêmio Gaviões da Fiel Torcida, há quatro anos, desde a posse da diretoria anterior (2007 a 2009), tem à frente as ações Sociais.
O Departamento Social de sempre norteadas pela incumbência de exercer um trabalho de cunho assistencial voltado às populações carentes e vítimas de acidentes.


Ao longo deste tempo, o departamento da Organizada elencou diversas iniciativas, caso do tradicional dia das crianças, da Ceia de Natal em família, das campanhas do agasalho, do Projeto Educação Chega às Arquibancadas com cursos de inclusão digital e intermediação de bolsas de estudos.

Diante das fortes chuvas que caíram na capital paulista, foram distribuídas cestas básicas,roupas e brinquedos para cerca de mil desabrigados apenas na região da zona leste, na comunidade Pantanal.

Não alheios ao sofrimento de outros cidadãos brasileiros, na última quarta-feira, 06 de janeiro, o diretor social reuniu extraordinariamente sua equipe a pedido do Presidente da entidade para analisar como poderiam assistir os moradores da cidade de São Luiz do Paraitinga.

Sem tempo para angariar donativos em espécie, a idéia foi mobilizar a multidão de torcedores corinthianos para formar times de voluntários, e, assim, somar esforços na remoção dos entulhos e na limpeza das vias públicas, além de criar ocupação educacional para as crianças que estão no período de férias escolares e coordenar atividades para os idosos.


Recebam os moradores de São Luiz e as autoridades todo a nossa solidariedade e disposição neste momento tão doloroso.
Prontos para o trabalho, a diretoria do Grêmio Gaviões da Fiel Torcida, através de seu Presidente e do Departamento Social colocam-se inteiramente à disposição.

Por isso, convocamos todas as Sub-Sedes, Pontos de Encontro e Coletivos para comparecerem a quadra dos Gaviões da Fiel neste domingo (17/01) às 7h00 da manhã para juntos partirmos para São Luiz do Paraitinga.
Lembrando que, neste mesmo dia, o nosso Todo Poderoso Timão estréia no Campeonato Paulista 2010.

Por essa razão e pelo S.C. Corinthians Paulista ser a nossa maior razão de viver, pedimos a colaboração para comparecer a quadra quem realmente não for a caravana do Corinthians em Ribeirão Preto.

Vamos chegar família em mais essa ação da Família Gaviões da Fiel.



Grêmio Gaviões da Fiel Torcida
Força Independente em Pról do Grande Corinthians