domingo, 31 de janeiro de 2010

Era uma vez, no século passado, eu lendo um trecho da Fernanda D'Umbra, esse aí de baixo mesmo. E aí, eu me apaixonei por ela nesse instante. Aí, muita coisa aconteceu, li muitas outras coisa bacanas, marquei um milhão de textos no meu diarinho-secreto-público, me encantei com muitos escritores novos, decorei trechinhos fodidos, e os usei me salvando de mim mesmo, amém. Quase uma vida literária depois de ler o lance dos guarda-chuvas. E, contrariando as probabilidades, ainda continuo considerando esse trecho o meu preferido quando eu tenho que declarar um sentimento maior que romances da estação.

Eu tenho uma coleção de guarda-chuvas coloridos. Eles ficam em um porta guarda-chuvas na minha casa. Tem roxo, laranja, vermelho, branco, tem um transparente que fica lindo molhado e tem um preto também. Se um dia a gente tiver que andar pela Rua Augusta, ou mesmo aqui no centro, se um dia isso acontecer e a gente tiver que dividir o guarda-chuva novamente, eu juro que deixo você escolher a cor. Mas se isso não voltar a acontecer eles ficarão aqui, secando a chuvinha que cai dos meus olhos verdes trovões de saudade.


Só faria uma pequenina licença poética,

Pra algumas pessoas, eu não daria apenas o privilégio de escolher a cor. Nem ao menos dividiria um guarda-chuva. Doaria inteiro o escolhido e me molharia toda, sem o menor pudor e com um sorriso no rosto.

É meio infantil pensar assim, eu sei. Tem todo o lance de compartilhar momentos, dividir caminhos e bla bla bla. Mas por algumas poucas pessoas, eu abro mão do "meu cancer" pra me preocupar com a gripe alheia.

Isso deve ser aquilo que chamam de amor incondicional, E mesmo sem ser mãe, estranhamente, algumas vezes eu consigo sentir assim.

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